quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Certa incerteza

Elaboro cá rol de planos comigo mesmo, ocupações para as férias recém-chegadas. Quero escrever, mas não me acorre quê.
Vasculhando a memória, atrás de assunto que mereça roubar tempo meu à leitura, encontro, afinal, um digno e desafiador!
Prontamente, valores cristãos em mim subsistentes evocam duras penas para este meu ser que há muito os quer abandonados; fincam duras estacas em volta de meu tema, ao redor das quais estiram arames invisíveis; cercam duras verdes íris dos mais belos olhos deste mundo.
Restolhos de cristianismo! Contudo, não me impedem de prosseguir. Atrasa-me, isto sim, alguma indecisão quanto às minhas intenções com esta postagem. Render uma singela homenagem? Tão-somente brincar com o som das palavras? Tentar?
Desconheço meus propósitos. Castro este texto!

14 comentários:

Tutank Akenaton disse...

É o axé cristão, pó parar com o pó!!! Hahahaha
Valeu por ler meu flog. Não sabia uqe você entrava frequentemente, também entro no seu blog com frequência (sem trema). E o que quer dizer com castrar o texto? Do tipo Castro Alves, dos escravos do cristianismo, ou castrar mesmo, só porquê parece que quer castrar as memórias, arrancá-las do seu corpo, como uma parte indesejada? Ou talvez eu esteja viajando na maionese, e voc~e só esteja um pouco sem inspiração. Eu também estou um pouco. Mas aí eu sento no vaso (sanitário) e me vem uma imagem maluca na cabeça. Daí, eu escrevo.
O cara do "A Bússola de ouro" é meio drogado... o filme (livro?) comeã com no início era o pó e mais adiante o pó estava em tudo . Infelizmente eu duvido que um dia vou inventar algo mais cabuloso do que é mostrado na Bússola de Ouro. Filme bacana, você devia ver.

Bernardo disse...

já aboliu o trema? eu usarei até que um guarda me aponte uma arma e me impeça.
"castrar" não necessariamente se refere aos genitais, mas tb à interrupção de qq desenvolvimento. é neste sentido que o empreguei, além de num outro sentido, =P
Não estou tentando me livrar de nenhuma memória. eu realmente não tenho certeza com relação ao objetivo deste texto. vc acerta, porém, com a falta de inspiração. talvez eu veja o filme... e que já não curti o começo, =S

Unknown disse...

Eu não tinha entendido completamente até ter lido em voz alta...

Tutank Akenaton disse...

Eu tembém tenho andado sem inspiração, isso quem demopnstra é meu fotolog. Na verdade, eu apenas estou tentando me especializar na arte de contar contos fabulosos, com monstros e delírios.
A parte do delírio eu ainda não cheguei, mas vou chegar. Só preciso ler um pouco mais de Baudelaire e de Edgar Allan Poe. Aliás, dizem os entendidos de literatura, que o Machado de Assis puxou muita coisa do Poe. é um gênio influenciando outro.
Isso não necessariamente quer dizer que eu gosto de Machado, mas um gênio é um gênio.

Bernardo disse...

uau! então você ainda não chegou ao delírio? eu não me lembro de ter visto você sair dele, =)
parece que o Machado leu bastante Poe; segundo o Daniel Piza, o conto "A Causa Secreta" é o de Machado que mais se aproxima dos de Poe. um conto excelente, aliás!
e, francamente, escrever sem gostar de Machado é tocar guitarra e não gostar de Hendrix, =S

não fico alarmado: aquele seu texto do amigo invisível sugou suas reservas de inspiração; tardará um pouco até que você tenha outra idéia sensacional como aquela, sinceramente, =P

vc acertou... meio que sem inspiração por aqui. mas até o final do mês eu entrego outro texto! pelo menos um por mês...

Tutank Akenaton disse...

Nossa, eu odeio Hendrix. Não há uma música dele que eu goste...
Tenho lido muito Bukoswki.
Eu até hoje não consegui terminar o Dom Casmurro (até aí, nada excepcional, já que eu não consegui terminar o Pequeno Príncipe, outro livro muito chato).
Na verdade, escrever sem gostar de Gregório de Matos ou Álvares de Azevedo é tocar piano e não gostar de Beethoven, tocar trompete e não gostar de Miles Davis...

Sempre sobra alguma ispiração, mesmo que eu tenha que espremê-la muito para sair.

e acho que é verdade o que vc disse: eu to sempre delirando, meu delírio quotidiano. Talvez por delirar eu não suporte Machado, ou Gumarães Rosa, ou qualquer literatura brasileira que queira fazer firulas de linguagem com um tema chato.
Meu cérebro acha que, se não quer escrever sobre coisas fantásticas, então se jogar nas picardias de um velho safado, ou nas picardias estudantis é um bom caminho. Afinal, regionalismo não faz meu tipo.

Uma pergunta para você refletir: você (enquanto indivíduo) é o seu cérebro? Essa pergunta ainda não tem uma resposta definitiva, mas a minha é "Sim".

Bernardo disse...

eu não conheço Hendrix tb... mas valeu a comparação, assim como a do Beethoven e a do Miles Davis.
Vá de O Alienista, se não consegue ler Dom Casmurro; são só 40 páginas! e, se você precisa espremer, é porque não sobra inspiração não... espremendo você conseguirá fazer, no máximo, um best-seller, =P (veja o que fez a J. K. Rowling)
Eu estou pensando, "enquanto indivíduo" (de que outra maneira poderia pensar?); minha resposta - não definitiva - é: cérebro, hormônios, história, leituras, convívio e (porque não?) algum aborrecimento.

Tutank Akenaton disse...

Então, mas se voc~e for pensar, todas estas coisas que falou são coisas do cérebro. O cérebro é o sintetiza tudo isso. Se vc não tiver o córtex responsável por cada uma destas coisas (como hormônios, aborrecimento)você não vai entender, e portanto não vai fazer parte da sua vida. Se você ver uma meleca verde no chão se movendo como uma ameba, e vc não souber que se trata de um ET, os ets nunca fizeram parte da sua vida, portnato o seu cérebro ainda não sabe como um ET se parece, e portanto vai ser apenas uma coisa bizarra a mais que vc viu na vida, e não um grande acontecimento, vai achar no máximo nojento aquela coisa caminhando pro bueiro. Eu acredito que o que o cérebro sintetiza para a cabeça dos acontecimentos externos ao corpo é poe que vai te moldar. Por isso eu acho que Israel está fazendo uma lambança lá em Gaza, enquanto que outros acham o contrário. O que meu cérebro sintetizou está parcialmente de acordo com o que o presidente do Irã falou com relação ao holocausto: "Seis milhões foi pouco."
Não que eu seja nazista. Apenas meu cérebro sintetiza um certo incômodo quando alguém com um rifle atira numa pessoa armada com uma pedra. Aliás, foram 900. O castigo de Deus está próximo, assim como o castigo dos anos 40.
Como você disse, acho que eu nunca saí do delírio, mas acho que vc entrou nele mais forte do que eu, ao aceitar o comunismo.
Mas reu sempre tendo deixar a política de lado, e escrever apenas sobre coisas como In all your fantasies you always knew that man and mystery were both in you

Bernardo disse...

Nós não somos nossos cérebros, Tutank. os nossos cérebros simplesmente nos permitem ser quem nós somos. A matéria processada é muito mais importante que o processador.
O lance da meleca verde alienígena é a prova irrefutável do seu delírio, =) a que eu me referia, aliás, sem ofender - pareceu-me que vc levou o comentário do delírio como ofensa, o que não foi minha intenção.
Você tem certeza de que quer retomar a conversa do comunismo? eu topo, desde que seriamente.
e não se esqueça de que tentar deixar a política de lado é uma posição política: conservadorismo, ainda que velado.

divina, mente? disse...

Bernardo,

Olha que curioso, ontem qdo voltei pra casa passava na Tv o filme sobre o qual falei contigo. Vc precisa assisti-lo.

Mente, Divina.

OBS: Íris esverdeadas castram muitas coisas na vida =)

Tutank Akenaton disse...

Eu acho que não há espaço mais pro comunismo. A vibe dos comuna acabou em 1989.
Não levei como ofensa, não; gostei do comentário. Mas eu acho que vc está maravilhado com idéias que não podem dar certo no século XXI. Marx errou feio, assim como Malthus errou. Ambas as teorias são magníficas, mas inaplicáveis. Ainda bem que os homens aplicaram Marx, ao invés da natureza aplicar Malthus...
Eu também tenho meus delírios políticos, do tipo sobrevoar os acampamentos do MST jogando coquetéis Molotov e desbaratar essa rede criminosa. Mas vai ficar só na fantasia, assim como o comunismo. E talvez seja por isso que eu fico viajando em melecas verdes de monstros, porquê melecas verdes não têm a ver com política nem com coisas polêmicas.
Pense nestes quase 7 bilhões de pessoas no planeta... no séc XIX, qdo o comunismo foi idealizado, a população não passava muito mais de 1 bilhão de pessoas.
Só o capital em giro pelo mundo, no capitalismo loucão de hoje, é que tem capacidade para produzir novas tecnologias urgentes para ir acomodando tanta gente. Ao meu ver, a ecologia matou o comunismo.
Por isso eu sento no computador e escrevo sobre monstros, para esquecer que quando eu tiver 60 anos de idade eu vou morrer num mundo ferrado pela superpopulação. E a superpopulação irá acontecer independemente de absolutismo, comunismo ou capitalismo... porque o humano não sabe segurar a genitália dentro da própria roupa.
Por isso não é que a água está acabando... é que tem muita gente bebendo água e lavando a calçada com mangueira.

Eu me sinto meio mal por pensar assim.

Bernardo disse...

... e com razão! é para se sentir mal mesmo.
É para o capitalismo que não há mais espaço, tanto que ele resiste somente porque mais e mais agressivo e desumano.
Não vejo em que foi que Marx errou nem porque seria inaplicável o socialismo. Para muitos, aliás, ele é inevitável - preciso verificar ainda por quê.
Tecnologia suficente para garantir o mínimo a todos já existe. Fome e todo tipo de miséria persistem porque a tecnologia é tratada como mercadoria e atende aos interesses privados, não aos coletivos. O capitalismo "loucão" não só não acomodará todo mundo como retarda a solução de uma infinidade de problemas. Por exemplo, não duvido de que haja mais dinheiro sendo investido na elaboração de cosméticos rejuvenescedores que no combate à malária, justamente porque há mais chances de lucro na venda daqueles que naquele combate e quando este é infinitamente mais importante.
Com essa nojeira de capitalismo, será uma surpresa se nós dois chegarmos aos 60 anos. É provável que a propriedade privada acabe com este mundo antes.
Política de lado um pouco: até dia 30 faço nova postagem, =)

Tutank Akenaton disse...

Nossa, tenho a impressão que vc precisa deixar de lado os livros de Russeau e Marx e ler Adam Smith.
Mas, pensando cá com meus botões, não parece que estilo de governo nenhum consegue dominar a biologia? Nossa, o homem nunca proliferou tanto na face da Terra.
Espero ansioso pela sua postagem. Mas espero algo muito machadiano, Nada do gênero Que me roubariam um bolso, que nada! Se um níquel não vale uma bala no peito ou uma facada no abdômen, meu bolso valia uma boa correria, pois um níquel vai e vêm com facilidade, mas um bolso só é pregado pelas mãos de uma boa costureira. Portanto, com isso, parece um bolso ser mais valioso do que um níquel que nele caiba.
Ademais, feliz aniversário.

Bernardo disse...

o que quis dizer com o bolso e com o níquel?