Ao Cair da Noite - Eugênio de Castro
Numa das margens do saudoso rio,
Contemplo a outra que sorri defronte:
Lá, sob o Sol, que baixa no horizonte,
Verdes belezas, enlevado, espio.
-Ali (digo eu), será menos sombrio
O viver que me põe rugas na fronte...
E erguendo-me, atravesso então a ponte,
Com meu bordão, cheio de fome e frio.
Com meu bordão, cheio de fome e frio.
Chego. Desilusão! Da margem verde
Eis que o encanto, de súbito, se perde:
Bem mais bela era a margem que eu deixei!
Quero voltar atrás. Noite fechada!
E a ponte, pelas águas destroçada,
por mais que a procurasse, não achei!Prezado Eugênio,
A margem de lá não sei se me sorri. Não sei nem se a espio assim, tão enlevado.
Porém, contando ou não com o sorriso da de lá, não conto mais com o da de cá, e tenho de deixá-la.
"O viver que me põe rugas na fronte" pode ser que menos sombrio lá se torne. Saberei somente quando chegar.
Não temo a desilusão. A margem que contemplo é belíssima.
E não tenho porque temer águas destroçadoras, pois que a margem de cá se me fechou.
6 comentários:
Não conhecia a poesia desse cara. Muito legal. É uma variante para "a grama do vizinho é mais verde".
As águas não hão de destroçar-me: eu irei destroçá-las, pois a medida de um homem se dá pelo tamanho de sua aventura.
O que achou do meu último texto do flog? Colocando Bukowsky na foto?
Caro Tutank, =)
não consigo postar comentários no seu flog, porque não tenho uma conta. não há como você mexer nas configurações do seu para permitir que pessoas não "flogueiras" possam comentar?
o último que vi era o do caçador de demônios que tinha de limpar gosma de monstro do carro dele, o que não faz mto meu estilo, apesar de ter gostado de assistir ao filme Constantine, XD
tenho certeza de que você se supera em outros temas, até mesmo na poesia: aquela sua da pedra que caia do desfiladeiro no mar era, a meu ver, excelente!
não reparei que era o Bukowsky no desenho, achei que fosse um bêbado qq, =S
mto bom o penúltimo texto, do aluno que fala do final de semana dele! "os que não dão risada do abstratismo, fazem a cômica e ridícula arte abstrata", ótima passagem, e a dos hormônios da carne de frango tb!
Valeu, infelizmente não tem como eu mexer nas configurações do flog. O fotolog.com está restringindo cada vez mais os comentários.
O dos demônios eu achei legal por conta de que não tem muito a ver com Constantine nos seus métodos.
É o que eu disse: eu acho que você gosta mais de ler e escrever textos mais reflexivos, sem aquela movimentação toda.
Eu esqueci a poesia da pedra. Não lembro uma palavra sequer. Mas que bom que tenha gostado.
Faz uma poesia você mesmo, posta aí; há de ser legal (ai, que frase feia...).
O texto do aluno é em homenagem àquele dia em que eu falei de Proust, que demora várias páginas só para sair da cama, que assistimos "o rato que ruge". Eu não podia deixar passar...
huahuahuauha, ficou mto boa a homenagem ao Proust, =P
e "o rato que ruge" é imperdível!
olha, eu devo ter aquele seu poema no meu yahoomail, mas seria preciso abrir um inquérito para encontrar qualquer coisa lá, =S
vou ver se num final de semana, com mto bom humor, dou uma vasculhada na minha entupida caixa de entrada de lá, certo?
agora, qto à poesia, não sei se faço, não. só me lembro de ter feito uma, na quinta-série, que não anunciava, nem de longe, mesmo um pequeno poeta. pelo menos, não em versos, =)
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