sábado, 20 de setembro de 2008

Invasão Bárbara

Quem uma vez sucumbiu ante sua força agora insiste em lhe resistir. Falha ao tentar encobrir suas verdadeiras intenções e acredita ser possível adiar nova cessão. É prepotente ao apostar na constância da investida, e patético ao temer perder a preciosidade que ora afasta.
Aquela tinha suas razões para persistir. Contudo, seu alvo não mais se lhe apresenta tão encantador quanto outrora. Esse, a que se dedicou, a que tanto mais se dedicaria, já não merece seus exaustivos e pacientes cuidados.
Ela, sim, é digna de toda homenagem e zelo, ciente de seu inestimável valor.
Sabe quando lhe é negada devida atenção.
Parte.

10 comentários:

Tutank Akenaton disse...
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Tutank Akenaton disse...

Tenho lido os cronistas do Estadão. Tenho lido, mas não gostado. Tirando o fabuloso e quase mítico Arnaldo Jabor, e um americano que lá escreve, parece que todos tê um único modo de escrita. Ademais, estou me enchendo com a temática realista de todos eles.Mesmo quando escrevem algum texto de ficção, a coisa parece escrita por um internauta.
Nós dois estamos colocando nossos textos nos lugares errados. Eles não são para ficarem escondidos em um site de internet.

Bernardo disse...

Realmente, leio mto Machado. É o melhor que conheço. sabe, eu costumava julgar o Machado um autor de escrita incomparável. até ontem! foi qdo conheci Montaigne: magnífico! um ensaio dele, "Como uma mesma coisa nos faz rir e chorar" veio destronar "Viver!", do Machado.
Melhor texto da vida!

agora, de volta ao mundo real: Stephen King? vc merece coisa melhor, certo? acertou com o Calvino! e Bukowsky deve ser de infectar mesmo. larguei pela metade o primeiro livro que me atrevi a ler dele, que era por demais desagradável. não curti.

Bernardo disse...

removi seu primeiro comentário, meu caro Tutank, porque vc o encerrava com algo de indiscreto e de que não se deve voltar a falar, certo? tenho ctz de que compreenderá.

não leio os cronistas do Estadão, mas não me surpreende que não sejam mto originais. quem escreve para jornal deve sofrer alguma espécie de censura ou regulação.

se nós tirarmos nossos textos da internet para publicá-los, só mudaremos o esconderijo deles. dezenas de livros são lançados todos os dias, cada vez mais por pessoas desconhecidas e que não chegam a ser lidas senão por amigos e familiares. nossos livros acumulariam poeira numa estante sem visitas e teriam menos leitores do que podem ter na net. eu fico com esta, pelo menos por enquanto, =)

Tutank Akenaton disse...

Compreendo, meu caro Bernardo. Já mandei minhas sinceras desculpas por e-mail, e ainda confio na psique humana de buscar a boa literatura.
Ademais, sonhos devem ser postos no papel, e não só em bites e bytes. Talvez eu tenha nascido na época errada...
Ademais, se não tentar, nunca há de ser lido senão pelos seus amigos e familiares. Na realidade, tudo o que tem que fazer é ser um pouco maniqueísta. Potter é totalmente maniqueísta e dualístico.
Precisa saber atrair a atenção das pessoas, e aí então expõe suas idéias. Não é fácil, é um jogo, e como todo jogo, tem que ser divertido. QUase minha vida toda é escrever. Não digo para você fazer o mesmo. Mas que seria indubitavelmente interessante, ah, seria.
Creio que os ares bucólicos de campinas não estão fazendo muito bem para seus pulmões aventureiros. Solte-os em São Paulo, e terá uma inspiração mais quixotesca, publicar quaisquer manuscritos talvez seja um santo remédio para um coração que mistura Machado e Sartre.

Tutank Akenaton disse...

Concordo com voce quando diz de Stephen King. Mas lembre-se que temos de serguir a tendência... senão, quem nos lerá?
A favor da máquina, sempre!

Bernardo disse...

olá, senhor contradição! primeiro diz que "sonhos devem ser postos no papel", não em bites e bytes, depois que é "a favor da máquina, sempre!", =S convém se decidir...

engraçado: qdo escrevo, a única atenção que tento atrair e reter é a minha, porque a mais exigente que conheço. se a conseguir, provavelmente tb a de qq outra pessoa que se aventurar a me ler, =)

escreverei enquanto não souber o que é "isto", do poema da Cecília. ou seja, não devo parar.

eu já me inspirei em São Paulo; saiu algo mais kafkiano que quixotesco, embora nem um, nem outro.

não siga tendência alguma! lembre-se de Oscar Wilde: "há tantas maneiras de se alcançar a perfeição quanto há homens imperfeitos".

seremos lidos um pelo outro, pelo menos, =P

Bernardo disse...

Li seu ensaio "brega", o do cavalo.
"O capataz veio ver se estava tudo bem." logo denuncia a autoria: é a sua cara! tb "Alguma coisa entre... algo e alguma coisa...", =P
a passagem "Como capataz, faça meus escravos sonharem com o impossível, desejar o impossível, e eles amarão o arreio e o chicote." teria me impressionado ainda mais na semana passada, antes de ter lido aquele ensaio do Montaigne. vc saberá por quê.
e veja só! parece que não sou o único machadiano; sua "A pena, um pouco de tinta, alguma idéia." imediatamente remete à "pena da galhofa e a tinta da melancolia", com que Brás Cubas escreveu suas memórias, =P Machado (quase) inigualável!

por fim: "e só podia olhar, posto que se Medusa se tivesse mostrado às minhas cordas vocais, menos petrificadas elas estariam."; sensacional, \o/

mas, que ficou brega, ficou mesmo...

Tutank Akenaton disse...

O que vc tem lido ultimamente?

Bernardo disse...

Devo acabar amanhã o Ensaio sobre a Cegueira, do Saramago. Não estou gostando, =S
Para a faculdade, estava lendo Rousseau e Maquiavel, mas agora vou de Montaigne e Descartes; e, sempre que calho de não fazer nada, Luís Fernando Veríssimo, =P